quarta-feira, 30 de março de 2011

Prepare-se para passar no vestibular

Guia com dicas de especialistas para ajudar nos estudos para os exames das principais universidades do Brasil

Não é atoa que o período de vestibular é chamado de maratona. Provas sucessivas de novembro a janeiro exigem esforços mentais e físicos que podem levar um estudante sem preparo ao esgotamento e ao fracasso na missão de entrar numa boa faculdade.
Para ajudar na preparação dos candidatos, o iG consultou especialistas e formulou um planejamento para este ano com organização para os estudos e preparação física que podem fazer a diferença na hora da prova.
Estudar, estudar e estudar. Este é o único meio de conquistar uma vaga em uma boa universidade. “Não existe solução mágica. Tem de ter vontade de estudar”, diz o coordenador de vestibular do Curso Anglo, Alberto Francisco do Nascimento.
O ano do vestibular é um ano diferente dos demais. Por isso, tem de ser tratado de uma forma diferente. “Os vestibulandos têm de ter em mente que neste ano eles terão poucas experiências alheias ao vestibular”, avisa Augusta Aparecida Barbosa Pereira, coordenadora do Cursinho do XI e professora de literatura e gramática.
Isso não quer dizer que neste ano é proibido sair, se divertir, viajar. “É claro que o estudante não vai deixar de sair, ir para a balada, mas não dá para fazer isso todo final de semana, cometer excessos, porque ele tem outro objetivo”, ressalta a professora.
COMO ESTUDAR
Antes de mergulhar no mundo dos livros e cadernos, veja algumas dicas importantes dos especialistas sobre a melhor maneira de absorver os conhecimentos.
Descubra sua maneira – Cada pessoa aprende de um jeito diferente. Uns são mais visuais, alguns precisam só ouvir a explicação, outros precisam fazer anotações. O importante é descobrir qual é a forma que funciona melhor. “Muitas vezes o aluno vê o colega anotando tudo e acha que precisa escrever também. Entretanto, ele pode ser uma pessoa que aprende melhor apenas ouvindo a explicação, anotando só alguns pontos”.

Segundo ela, “é necessário prestar atenção nisso para que o estudo flua melhor”. “Tem pessoa que só descobre seu jeito de estudar na faculdade quando o volume de material é muito grande e ele tem de dar conta daquilo tudo sozinho. Mas se o estudante conseguir descobrir isso ainda na época do vestibular com certeza fica mais fácil estudar”, conclui Alessandra.
Tempo – Cada estudante tem um ritmo diferente de aprender. Uns precisam de mais horas de estudo, outros menos, mas é necessário criar uma rotina. “Não é necessário ficar em cima dos livros cinco horas por dia, todos os dias, mas é preciso seguir uma regra, se comprometer com o estudo. Se decidir que vai estudar dia sim, dia não, tem de cumprir com essa decisão”, diz a coordenadora do Cursinho da Poli, Alessandra Venturi.
O tempo de estudos varia de acordo com a disponibilidade do vestibulando. Se ele tem apenas a obrigação de estudar, a situação é favorável. Mas se seu dia é dividido com o trabalho, ele terá de fazer sacrifícios. “O vestibulando que trabalha é um verdadeiro herói. Enquanto os outros terão de fazer esforços, ele terá de fazer sacrifícios”, alerta o coordenador do Curso Anglo, Alberto Nascimento.
O estudo ideal, segundo os especialistas, é feito com a jornada dupla. Se aprender algo pela manhã, treine à tarde – e vice-versa. O vestibulando que trabalha não tem um período livre, então terá de recuperar nos finais de semana. “Ele deve se sacrificar mais, mas também consegue passar no vestibular, basta se comprometer”, diz o coordenador do Curso Anglo.
Vale lembrar ainda que a rotina de estudos deve se manter firme até mesmo nas férias de julho. “A quantidade de horas pode até diminuir um pouco, mas não pode deixar de estudar”, acrescenta Alessandra.
Local de estudo – Estudar é um ato solitário. Por mais que o vestibulando descubra que seu jeito de aprender não é o ortodoxo, o mínimo que ele vai precisar é de concentração. E se o estudante mora em uma casa com muitos atrativos, o ideal é se isolar em uma biblioteca, praça, parque ou qualquer lugar reservado. “Em casa tem TV, internet, geladeira, periquito, papagaio. Isso tudo acaba tirando a atenção do estudo”, diz Alessandra Venturi.
Links vestibular
A colaboração familiar é algo que também pode atrapalhar neste momento. “Muitas vezes a família acha que está ajudando e bem na hora em que o estudante está lá concentrado entra um e oferece um leitinho, uma comida, pergunta se está precisando de algo. Isso, na verdade, acaba atrapalhando”, lembra o coordenador do Curso Anglo.
Exercícios – Aprender algo na sala de aula e não exercitar pode ser perigoso. “Muitas vezes o aluno escuta a explicação do professor para uma matéria e acha que entendeu. A matéria avança e ele acha que compreendeu novamente, mas na hora da prova ele confunde uma com a outra. Isso acontece muito com quem não pratica”, alerta Alessandra.
Evitar efeito bola de neve – Não tenha vergonha de perguntar. “Se ficou com qualquer dúvida sobre uma matéria, não pode deixar passar. Tem de perguntar, tirar essa dúvida, ou ela pode ir crescendo conforme a matéria e o problema pode virar uma bola de neve”, recomenda Alessandra.
O professor de Biologia do Cursinho do XI Jaime Kuk lembra que a boa preparação pode render até mesmo uma folguinha para o vestibulando às vésperas do vestibular. “Se o estudante conseguir se calcar bem nos assuntos básicos vai ser mais fácil para entender o que vem depois e ele poderá estudar menos horas no final do ano”, diz.
A coordenadora do Cursinho do XI dá a dica para o vestibulando selecionar uma matéria por dia para eliminar todas as dúvidas de uma só vez. “Os estudantes dos cursinhos têm esse hábito por causa dos plantões. Cada dia da semana um professor de uma disciplina diferente esclarece os pontos que os alunos ficaram com problemas. Assim, a dúvida não se arrasta para a semana seguinte”.

ESTUDO DAS DISCIPLINAS
O vestibular exige que o estudante esteja preparado para tudo. Mesmo provas que tinham o objetivo de testar habilidades pontuais - como o da Fuvest, que aplicava apenas testes dissertativos específicos de acordo com a carreira escolhida - passaram a ter formatos que avaliam todas as competências.
Por isso, o vestibulando precisa dominar os conteúdos das matérias de exatas, humanas e biológicas, além de conseguir fazer a ligação entre elas. “Os vestibulares estão cada vez mais interdisciplinares e os vestibulandos precisam entender bem a matéria para fazer as relações exigidas. Têm de dominar bem o assunto para fazer uma ligação entre a crise econômica de 2009 com a de 1929, por exemplo. Não basta decorar”, diz a coordenadora do Cursinho do XI.
Para facilitar na hora de focar os estudos, os professores do Curso Anglo fizeram uma pesquisa nas provas dos vestibulares das maiores universidades do País nos últimos anos e selecionaram uma lista com o que mais tem sido exigido. Veja a lista completa.
Matérias de exatas – Praticar é o melhor recurso na hora de estudar as disciplinas de exatas. O estudante deve fazer exercícios e simulados e não descansar até fixar a matéria plenamente na memória.
Os especialistas fazem um alerta: não basta decorar sem entender. “O aluno pode usar as músicas que os professores criam para se lembrar de uma fórmula, mas se ele não entender do que se trata, não vai saber aplicar”, avisa a coordenadora do Cursinho da Poli.
Gráficos e mapas – Os gráficos estão presentes em todas as disciplinas. Pode ser uma ilustração em forma de “pizza” na prova de Geografia ou uma parábola em Matemática. O importante é estar preparado para lê-los.
“É preciso prestar bastante atenção aos gráficos. Os alunos muitas vezes se atentam apenas para o que está escrito no rodapé e não analisam o todo. As informações deles estão lá por algum motivo e é importante que o estudante saiba ler”, ressalta Alessandra.
Leitura – Ler é a regra mais importante para quem quer fazer uma boa prova. “O aluno deve ler muito, ler tudo. Chegar à aula com a matéria lida e aproveitar o tempo para tirar as dúvidas é um diferencial”, aconselha Augusta.
Sobre a lista de livros obrigatórios, os especialistas são unânimes: não adianta ver o filme, assistir à peça, ler o resumo comentado. Tem de ler a obra completa.“É claro que não fará mal se o aluno vir o filme, a peça de teatro, mas ele não pode se basear somente nisso. Tem de ter o seu próprio olhar sobre o texto, fazer sua interpretação”, diz Alessandra.
Alberto do Nascimento complementa recomendando ainda que o vestibulando leia o livro mais de uma vez. “Quando você lê um texto mais de uma vez, nota detalhes que não havia percebido na primeira leitura”, ressalta.
O ideal, segundo os coordenadores, é ler dois livros por mês, para dar tempo de relê-los e analisá-los antes do vestibular.
Atualidades - Jornais, revistas e livros podem ser grandes fontes sobre o que está acontecendo no mundo e que podem servir como tema para redações ou questões da prova.
Os especialistas não se arriscam a fazer “futurologias” sobre os temas que serão abordados nos vestibulares deste ano, mas apontam alguns caminhos como questões climáticas e desastres naturais. “Este está sendo um ano cheio de catástrofes e esse tema deve entrar na pauta. Copa do Mundo não é um assunto que costuma cair, nem eleições. Mas nada impede a prova ter algo relacionado à África do Sul ou às questões políticas do Brasil”.

Sugestões de temas de atualidades


A PROVA
Depois de meses de preparação, eis que chega o momento mais importante da maratona. É na hora da prova que tudo aquilo que foi dito, aprendido e decorado será colocado em xeque. Veja recomendações de especialistas:
Um dia antes – Não estude. Na véspera do vestibular, o importante é relaxar. “Se o vestibulando pegar a matéria para revisar, com certeza vai achar que falta estudar mais, que não sabe tudo e isso vai gerar um nervosismo desnecessário, já que ele não vai ter tempo para fazer mais nada. O melhor a fazer é relaxar, se distrair e não ficar pensando nas matérias”, recomenda a coordenadora do Cursinho da Poli.
O divertimento, entretanto, deve ser feito com moderação. “O aluno não precisa sair na véspera do vestibular e encher a cara, ir dormir de madrugada. Ele tem de lembrar que no dia seguinte vai passar por um teste importante”

Concentração – O fator mais importante na hora da prova é o foco. “O aluno tem de prestar atenção no seu momento, na sua própria prova. Se ele ficar preocupado com as pessoas que estão ao redor, com aquele cara que entregou a prova antes dele, vai acabar ficando nervoso e não vai conseguir responder às questões”, lembra Alessandra.
Para obter esta concentração, Alessandra sugere o uso de uma meditação rápida na hora da prova. “Vale perder um minuto do tempo de prova relaxando, buscando a concentração, do que perder todo o exame pelo nervosismo.”
Já o professor de Biologia, que também é praticante das técnicas terapêuticas chinesas, acredita que a ansiedade não é tão negativa. “Ela faz parte da preparação para algo importante. O estresse é uma reação natural do organismo e serve para deixar a pessoa mais atenta, mais ativa, produzindo melhor. É importante não negar essas sensações e aprender a administrá-las a seu favor.”
Jaime Kuk ressalta que o condicionamento físico pode ajudar bastante no processo de preparação para o vestibular. Não apenas na hora da prova, mas durante todo o ano de estudos é importante que o estudante preste atenção no corpo. “Antigamente as pessoas viam o intelecto separado do corpo, mas hoje em dia sabemos que a atividade mental é fortemente influenciada pela condição do corpo”, explica o professor.
Por isso, um pouco antes de ir para o local da prova ou depois de um longo dia de estudos, Kuk sugere que os alunos façam um exercício de relaxamento corporal – veja o passo a passo.
“Eu já vi estudante chegar ao esgotamento em agosto porque não conseguiu administrar a questão intelectual e física. Por isso é importante cuidar bem do corpo. Um aluno descansado investe mais firmemente nos estudos”, diz Kuk.
Enunciado – É neste momento em que o hábito de leitura e interpretação de texto do aluno contará bastante. Ler bem e interpretar corretamente o que é pedido na prova pode parecer simples, mas é o ponto em que os vestibulandos mais se atrapalham, segundo os especialistas.
“O que a gente mais ouve quando fazemos a revisão da prova é ‘ah! Era isso que eles estavam pedindo?!’. Ler o enunciado errado é o que mais faz os estudantes errarem as questões”, comenta a coordenadora do Cursinho da Poli.
Segundo ela, “ler atentamente os enunciados pode ser o grande diferencial entre um aluno e outro”. “Não pode dar aquela lida superficial e achar que entendeu. Se ele prestar atenção no que é pedido e tiver estudado bem, não tem o que errar.”
Outro problema para o vestibulando é quando ele desacredita em seu próprio conhecimento e superestima a prova. “Tem aluno que vê uma questão e pensa ‘está muito fácil para ser só isso, eu devo ter feito alguma conta errada’, mas na verdade a prova pode estar testando alguma habilidade simples mesmo”, avisa Alessandra.
O ideal, segundo ela, é o aluno confiar nos seus próprios conhecimentos. “Se ele trabalhar a concentração e confiar no que aprendeu, não vai cair nesse tipo de armadilha.”
Boa notícia: segundo o coordenador do Curso Anglo, não existe mais pegadinhas no vestibular. “As provas de faculdades boas não têm mais isso. Isso acontece só em faculdade menor, que não tem tradição em vestibular”, explica Nascimento.
Respostas – Não basta bater o olho nas alternativas, tem de responder de verdade. “Especialmente as questões de exatas, é preciso resolver as contas, fazer os cálculos. Não pode ficar só na aproximação da resposta”, diz o coordenador do Curso Anglo.
As questões dissertativas de humanas devem ser tratadas com objetividade. “Não precisa escrever uma bíblia. Tem de ser simples e objetivo”, diz Alessandra, do Cursinho da Poli.
O ideal é fazer um rascunho de suas respostas. Mas o vestibulando deve ter cuidado com o tempo para passar a limpo, pois essa operação pode estourar o limite de tempo.
Tentativa e acerto – Passar no vestibular logo de cara é o grande objetivo de todo vestibulando, mas nem sempre isso acontece. “Falhar na primeira tentativa é normal, por isso o aluno não pode desistir”, aconselha o professor Jaime Kuk.
O aluno que já prestou vestibular ao menos duas vezes sem aprovação deve fazer uma análise do que o prejudicou. Ver quais matérias foram suas fraquezas, se o problema foi a falta de conhecimento ou se o nervosismo imperou na hora da prova. “O vestibulando já tem uma experiência e tem de aproveitar para ir acertando o que falta, se preparar melhor para a próxima”.

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